segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Atividade 2° ano 4° bimestre

Escreva uma lista de 20 Coisas sobre o livro "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupery.
Você deve fazer anotações sobre os personagens, os conceitos que o texto traz, relações com a filosofia e os filósofos já estudados e metáforas no texto.

Deve ser manuscrito e individual.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Atividade 4° bimestre 3° ano

40 Coisas sobre a aula "Espaço, tempo e mundo virtual", de Marilena Chauí

Assista ao vídeo abaixo e faça 40 anotações, que devem incluir:

- nomes e conceitos dos filósofos e outros pensadores citados;

- argumentos apresentados por Marilena Chauí;

- frases mais importantes;

- conclusões da filósofa.

 

O direito de buscar a felicidade CONTARDO CALLIGARIS

O ARTIGO SEXTO da Constituição Federal declara que "são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados".

O Movimento Mais Feliz (www.maisfeliz.org) promove uma emenda constitucional pela qual o artigo seria modificado da seguinte forma: "São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde etc." (segue inalterado até o fim).

É claro que, se eu dispuser de casa, emprego, assistência médica, segurança, terei mais tempo e energia para buscar minha felicidade. No entanto o respeito a esses direitos sociais básicos não garante a felicidade de ninguém; como se diz, ter comida e roupa lavada é bom e ajuda, mas não é condição suficiente nem absolutamente necessária para a busca da felicidade.

Em suma, implico um pouco com o adjetivo "essencial" no texto da emenda, mas, fora isso, gosto da iniciativa porque, como a Declaração de Independência dos EUA, ela situa a busca da felicidade como um direito do indivíduo, anterior a todos os direitos sociais.

Por que a busca da felicidade não seria apenas mais um direito social na lista? Simples.

A felicidade, para você, pode ser uma vida casta; para outro, pode ser um casamento monogâmico; para outro ainda, pode ser uma orgia promíscua.

Para você, buscar a felicidade consiste em exercer uma rigorosa disciplina do corpo; para outros, é comilança e ociosidade. Alguns procuram o agito da vida urbana, e outros, o silêncio do deserto. Há os que querem simplicidade e os que preferem o luxo. Buscar a felicidade, para alguns, significa servir a grandes ideais ou a um deus; para outros, permitir-se os prazeres mais efêmeros.

Invento e procuro minha versão da felicidade, com apenas um limite: minha busca não pode impedir os outros de procurar a felicidade que eles bem entendem. Por isso, obviamente, por mais que eu pense que isto me faria muito feliz, não posso dirigir bêbado, assaltar bancos ou escutar música alta depois da meia-noite. Por isso também não posso exigir que, para eu ser feliz, todos busquem a mesma felicidade que eu busco.

Por exemplo, você procura ser feliz num casamento indissolúvel diante de Deus e dos homens. A sociedade deve permitir que você se case, na sua igreja, e nunca se divorcie. Mas, se, para ser feliz, você exigir que todos os casamentos sejam indissolúveis, você não será fundamentalmente diferente de quem, para ser feliz, quer estuprar, assaltar ou dirigir bêbado.

Não ficou claro? Pois bem, imagine que, para ser feliz, você ache necessário que todos queiram ser felizes do jeito que você gosta; inevitavelmente, você desprezará a busca da felicidade de seus concidadãos exatamente como o bandido ou o estuprador a desprezam.

Em matéria de felicidade, os governos podem oferecer as melhores condições possíveis para que cada indivíduo persiga seu projeto -por exemplo, como sugere a emenda constitucional proposta, garantindo a todos os direitos sociais básicos. Mas o melhor governo é o que não prefere nenhuma das diferentes felicidades que seus sujeitos procuram.

Não é coisa simples. Nosso governo oferece uma isenção fiscal às igrejas, as quais, certamente, são cruciais na procura da felicidade de muitos. Mas as escolas de dança de salão ou os clubes sadomasoquistas também são significativos na busca da felicidade de vários cidadãos. Será que um governo deve favorecer a ideia de felicidade compartilhada pela maioria? Ou, então, será que deve apoiar a felicidade que teria uma mais "nobre" inspiração moral?

Antes de responder, considere: os governos totalitários (laicos ou religiosos) sempre "sabem" qual é a felicidade "certa" para seus sujeitos. Juram que eles querem o bem dos cidadãos e garantem a felicidade como um direito social -claro, é a mesma felicidade para todos. É isso que você quer?

Enfim, introduzir na Constituição Federal a busca da felicidade como direito do indivíduo, aquém e acima de todos os direitos sociais, é um gesto de liberdade, quase um ato de resistência.
 
09/06/2010

A crise como álibi Vladimir Safátle

Nos últimos dias, o Brasil tem acompanhado os debates a respeito do que fazer diante da crise econômica na qual estamos. Uma certa narrativa parece ter se consolidado. Trata-se da imagem de um país em "fase terminal" devido ao desequilíbrio fiscal pretensamente resultante da "gastança pública".

Neste sentido, não haveria outra saída a não ser aplicar a versão tupiniquim de um "choque de austeridade" baseado no "corte corajoso de gastos". Mesmo esta Folha, em editorial no último domingo (13), conclamou o governo a adotar tal caminho através, entre outros, da: "desobrigação parcial e temporária de gastos compulsórios em saúde e educação, que se acompanharia de criteriosa revisão desses dispêndios no futuro". Caso isto não ocorresse, não restaria à presidente, ao dobrar-se à crise, "senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa".

Mas o que significa o caminho proposto? De fato, certo equilíbrio fiscal pode ser alcançado desta forma, mas a que preço? Pois há de se perguntar sobre qual país nascerá ao final deste processo de ajuste. Diria que toda reflexão sobre a situação brasileira atual deveria partir do fim, pois há fins distintos que podem ser alcançados.

Um país desigual como o Brasil e que aceitasse rever o seu padrão de gastos com serviços públicos caminharia para a precarização ainda maior das parcelas mais desfavorecidas de sua população. Como não poderá mais ter serviços mínimos de saúde e educação, a camada mais pobre terá de trabalhar mais, isto em um contexto de flexibilização e ausência de garantias de trabalho. A crise seria apenas um álibi para a intensificação da espoliação de classe.

Por isto, implementar propostas que têm circulado ultimamente, como cobrança por serviços do SUS e mensalidades em universidades públicas, significa aprofundar a espiral de miséria. Diga-se de passagem, uma crise não precisa de cortes em educação. Ao contrário, é neste momento que os investimentos em educação são mais necessários e estratégicos pois são eles que permitirão a abertura de novos caminhos para a economia. Por estas razões, não é difícil perceber que o país que sairia depois de tal "austeridade" seria um país mais desigual, mais injusto e socialmente violento.

Alguns poderiam perguntar se afinal haveria outra saída. Ela existe, mas é sempre apresentada de forma caricata e distorcida, como se fosse o caso de não permitir que o país encare a brutalidade de sua injustiça social. Pois estamos a falar de um país, como o Brasil, no qual há uma parcela da população que desconhece a crise, que neste exato momento tem seus rendimentos garantidos porque aproveita-se da valorização obscena do capital oferecida pelo sistema financeiro com suas taxas criminosas de juros.

Nosso país não é mais um país de industriais e empresários. Ele é um país de rentistas, ou seja, de gestores do capitalismo patrimonial. Um país onde uma classe vive sem trabalhar, apenas gerindo suas heranças e aplicando seu capital. Tais rentistas não conhecerão crise, assim como o sistema financeiro com seus lucros bancários recordes.

Se quisermos fazer o Brasil sair desta crise sendo um país mais justo e igualitário será necessário encarar corajosamente, na verdade, a desregulação tributária vergonhosa a que nossa população está submetida. Fala-se que a carga tributária brasileira "é a mais alta do mundo". Eis uma pura e simples mentira. Tentem saber qual a carga de países como Alemanha e França, por exemplo.

Na verdade, o Brasil é o país que tem a carga tributária mais injusta, pois ela incide basicamente sobre o consumo e produção, não sobre a renda. Os impostos estão nos produtos que compramos. Por isto, quem ganha menos paga proporcionalmente mais. Mais correto seria taxar a renda, as heranças, as grandes fortunas, os lucros bancários, obrigando os ricos a fazerem o que não fazem no Brasil ou seja, contribuírem.

Vejam, por exemplo, toda a hipocrisia em torno da CPMF. Eis um dos impostos mais justos que este país já teve, pois incide em quem mais usa o sistema financeiro, ou seja, os mais ricos. Os mesmos que tentam vender seus interesses de classe como se fosse interesse geral da população. Uma CPMF de 0,38%, por exemplo, renderia ao Estado R$ 60 bilhões. Perguntem quanto teríamos com imposto sobre grandes fortunas (tal estudo o governo brasileiro simplesmente nunca fez, por que será?).

O que é melhor: retirar a gratuidade do SUS, levar a classe média pobre a pagar universidades públicas ou obrigar os mais ricos a arcarem com a conta da crise?

Se não há segurança para todos, não haverá segurança para ninguém Emir Sader

O primeiro valor para todas as pessoas é o direito à vida. Se esse direito não está assegurado, de nada vale o resto.
 
No Brasil de hoje vivemos as maiores transformações sociais da nossa história, em que as condições básicas de vida para toda a população estão asseguradas. No entanto, as condições de segurança para toda a sociedade - especialmente o direito à vida - hoje são negadas a um numero cada vez maior de pessoas, particularmente jovens e de origem negra.
 
O genocídio de jovens negros é o maior escândalo do Brasil de hoje. As famílias desses jovens melhorou inegavelmente de vida na última década, mas se elevou em quase 200% o genocídio de jovens negros, nesses mesmos anos.
 
Como correlato desse genocídio, o Brasil possui a polícia mais violenta do mundo. Esses fenômenos são possíveis, porque foi fabricada na opinião publica a criminalização das crianças e jovens negros. De crianças e jovens das famílias pobres de nossa sociedade, que deveriam merecer nossa atenção, nosso cuidado, nosso apoio, passaram a ser sinais de risco, de perigo para a segurança dos outros.
 
Enquanto essas crianças e jovens são vítimas de mais de 1/3 dos crimes cometidos no Brasil – na sua grande maioria pela polícia -, eles são responsáveis por menos de 2% dos crimes cometidos. No entanto se fabricou diabolicamente na cabeça das pessoas a imagem de que essas crianças e jovens são responsáveis pelo aumento dos problemas de segurança na nossa sociedade e não vítimas da insegurança, o que se presta à cruel discriminação contra eles.
 
Construiram-se assim os clichês que permitem a chacina dos jovens negros, com autorização e delegação da opinião pública à polícia para o seu extermínio. Um mecanismo hediondo que faz com que tenhamos a polícia que mais mata no mundo.
 
E isso não se tornou um escândalo na sociedade, porque a situação das crianças e jovens negros esta invisibilizada na nossa sociedade, escondida pela mídia. Essas crianças e jovens não são das famílias de classe média e da burguesia. Os que morrem, os que estão amontoados nas prisões, não são seus filhos, que não correm o risco de passar por essas situações. Não apenas não importa a esses setores fundamentais atualmente para compor a opinião publica o destino dessas crianças e jovens negros como, ao considera-los risco para eles, delegam, calam, não olham e, de alguma forma, aprovam, implícita ou explicitamente o seu genocídio.
 
No entanto, mesmo do ponto de vista da sua própria segurança, essas pessoas nunca terão garantia total da sua segurança enquanto houver na nossa sociedade pessoas que não tenham assegurada sua vida. Não adianta colocar grades nas suas casas e nos seus prédios, fechar ruas, contratar polícias privadas para seus bairros e até mesmo seguranças pessoais. Não adianta ainda mais câmaras de vigilância, de nada serve autorizar e incentivar a policia para assassinar essas crianças e jovens.
 
Se não houver segurança para todos, garantia de vida, de integridade física, direito de ir e vir, direito de viver, acabaremos em uma sociedade de guerra de todos contra todos, do olho por olho, dente por dente uma sociedade do ódio e da intolerância, da violência desenfreada, como já há em alguns lugares do mundo e inevitavelmente vai acabar chegando aqui também.
 
Além de que não podemos tolerar, financiar, delegar a uma policia que mata nossas crianças e jovens impunemente. Não pode agir em nosso nome. Basta que visibilizemos essa situação, para que ela se torne insuportável para os que mantém ainda um mínimo de humanidade. Por isso a mídia esconde, criminaliza essas crianças e jovens, condição prévia indispensável para que sejam exterminados. Só porque são desumanizados, projetados na cabeça das pessoas como gente capaz de cometer crimes hediondos, é que em seguida podem ser vítimas dos genocídios cotidianos.
 
Três ou quatro ou mesmo dez dessas crianças e adolescentes negros são mortos diariamente pela polícia. Estamos de que lado? Dessas crianças e jovens negros ou da polícia?
 
Na verdade não deveríamos ter que escolher lado, embora devemos estar do lado das crianças e jovens negros. Deveríamos desativar esses mecanismos cruéis, pelos quais terminamos sendo os autores intelectuais desse genocídio, que a polícia comete em nosso nome, paga com os nossos impostos, usando o uniforme do Estado brasileiro, agindo supostamente para nos defender do perigo.
 
Desativar esses mecanismos macabros supõe reconquistar a opinião pública para uma visão de paz e de convivência entre as pessoas. Devemos fazer um grande mutirão nacional contra a violência, contra a ação brutal da polícia contra os jovens negros no Brasil de hoje.
 
Sem isso, nunca teremos uma sociedade minimamente humana, solidária, democrática, um Brasil de todos e para todos.  

Reclama pro bispo Dráuzio Varella


Os brasileiros não param de engordar.As causas da obesidade são mais complexas do que imaginamos. Fatores genéticos e exageros à mesa guardam relação direta, mas não explicam inteiramente o fenômeno.
Receitas e dietas para emagrecer são como o capim; estão em toda parte. Talvez não exista campo da medicina com tantos mitos e pressuposições divulgadas, sem evidências científicas que lhes deem suporte.
Estão acima do peso 51% dos adultos (eram 43%, em 2006). São classificados como obesos 17% (eram 11%, em 2006).
O futuro não parece promissor: um terço das crianças de cinco a nove anos tem excesso de peso.
A seguirmos nessa toada, daqui a pouco empataremos com os norte-americanos. Lá, três em cada quatro adultos carregam sobrepeso. Mais de 30% da população caem na faixa da obesidade.
Enquanto as medidas para conter a epidemia no Brasil têm sido tímidas, faz tempo que os Estados Unidos declararam guerra às cadeias de “fast food”, aos alimentos processados, às gôndolas dos supermercados, aos refrigerantes, às cantinas escolares, às porções gigantescas dos restaurantes e às tecnologias que mantêm crianças e adultos sentados o dia inteiro: TV, videogames, internet, computadores.
Guerra perdida. Projeções estimam que em 2030, cerca de 50% dos cidadãos daquele país cairão na faixa de obesidade, isto é, terão índice de massa corpórea (IMC = peso/altura x altura) acima de 30.
Teoricamente, o problema da obesidade pode ser resumido numa equação singela: quem ingere mais calorias do que gasta, ganha peso; quem faz o oposto, emagrece.
Seria ridículo negar que a agitação e as comodidades da vida moderna, a publicidade, a disponibilidade e o baixo custo de alimentos altamente calóricos, conspiram a favor da disseminação da epidemia, mas jogar em fatores ambientais a culpa pela gordura que você acumulou no abdômen, não vai ajudá-lo a evitar as complicações da obesidade.
O McDonald’s, as padarias, os fabricantes de doces, chocolates, refrigerantes, cervejas e sucos adocicados são comerciantes interessados no lucro, como os demais. Atrás dele, vendem o que os fregueses gostam de consumir, não têm o poder de empurrar calorias goela abaixo dos transeuntes. As pessoas é que entram em seus estabelecimentos e escolhem as mercadorias.
O dia em que todos tivermos poder aquisitivo e a consciência de que dietas ricas em vegetais, com quantidades moderadas de carboidratos e gorduras são mais saudáveis, e agirmos de acordo com essa convicção, eles mudarão a composição de seus produtos ou cairão fora do mercado.
A responsabilidade não é só deles, é nossa. Assumi-la é o primeiro passo para enfrentar a obesidade. A única exceção é a das crianças, que ainda não amadureceram o suficiente para resistir à tentação dos comerciais de TV e das ofertas das cantinas escolares, muito menos à orgia de balas, bombons e biscoitos recheados que guardamos no armário de casa.
Há carros que fazem vinte quilômetros com um litro de gasolina, enquanto outros não chegam a dez. Da mesma forma, existem organismos que consomem muita energia para manter as funções vitais (circulação, respiração, digestão, atividade cerebral, etc.); outros são mais econômicos, capazes de executá-las com menor gasto energético.
Estes engordam só de pensar no bolo de chocolate; aqueles podem comer à vontade, são os “magros de ruim” (se os gordinhos pudessem, esganariam todos).
É justo? Lógico que não, a natureza é injusta e impiedosa.
Se você vive revoltado com seu metabolismo, vai fazer o quê? Reclamar pro bispo? Xingar a mãe dos que te conceberam?
O corpo humano é uma máquina construída para o movimento. Se você precisa ou faz questão de passar o dia sentado, a liberdade à mesa fica comprometida.
Se no seu dia não sobra um minuto para fazer exercício, você está vivendo errado, está deixando de levar em consideração seu bem mais precioso: o corpo.
Enquanto não dá um jeito nessa vida miserável, aumente a atividade física no local em que estiver: suba escada, fale ao telefone dando volta na mesa, alongue os caminhos a pé, abaixe e levante o tempo inteiro, não ande a passos de lesma. No começo, vão achar que você perdeu o juízo, mas o povo se acostuma.
Sejamos claros: a medicina não sabe tratar obesidade. Descontados os conselhos dietéticos ou as cirurgias bariátricas indicadas para os casos extremos, quase nada temos a oferecer.
Se os médicos não dispõem da pílula mágica, a responsabilidade com o peso e a sobrevivência é individual. É cada um por si e Deus por ninguém, porque gula é um dos pecados capitais.

Publicado em 11/05/2015

Mc Lanche Infeliz Luiz Felipe Pondé


POBRE FAMÍLIA . Esmagada entre teorias sobre seu fim ou sua transformação em mera empresa que gera jovens consumidores e gestores de carreiras, a família se despedaça sob a bota da instrumentalização da vida. Perdoe-me o leitor por contaminar sua segunda-feira com palavras de horror. Sou obrigado a fazê-lo.
E mais. Pais atormentados por mudanças que desqualificam seu lugar de homens despencam num abismo de sensibilidades, no fundo indesejadas por suas parceiras. Mães espremidas pelas obrigações advindas da emancipação de sua condição de mulher, ameaçadas pela solidão de quem aposta demasiadamente nas propagandas de sucesso pessoal, no fundo apavoradas como sempre estiveram pela deformação de seus corpos diante do desejo ávido masculino por mulheres cada vez mais jovens. Homens e mulheres acuados pela imensa montanha de idealizações.
A dependência de especialistas em como educar filhos se torna mais aguda do que a dependência do sexo, do álcool ou do tabaco. Bom o tempo em que tudo que temíamos era a luxúria dos corpos que ardiam na escuridão dos quartos. A insegurança de cada passo mostra seus dentes diante dos filhos que crescem ao sabor de um mundo que se torna cada vez mais exigente e, por isso mesmo, mais cruel. A associação entre demanda de sucesso e crueldade parece escapar aos especialistas na vida bem sucedida.
O fracasso é o pai do humano que se quer humano. Eis o maior de todos os impasses. Alguns praticantes das ciências parecem analfabetos tolos diante desta máxima e, por isso, repetem alegres suas crenças bobas nos instrumentos do progresso. Enganam-se, em sua infância intelectual, quando pensam que nós, céticos desta Babel, amamos o sofrimento, quando na realidade sabemos apenas de sua inevitabilidade como condição da humanização. É uma ciência da inevitabilidade do sofrimento que falta a estas almas superficiais que ainda chafurdam nas crenças do século 18.
Esses chatos, montados em suas análises jurídicas, sociológicas e psicológicas, atormentam a família, que fica perdida em meio a uma ciência moralista que tem como uma de suas taras a intenção de provar a incompetência dos homens e das mulheres na labuta com suas crias. Agora esses chatos decidiram que vão mandar nas compras de sucrilhos e nas idas ao McDonald's.
Tomados pelo furor da lei, esses puritanos querem ensinar padre-nosso ao vigário, assumindo que os pais precisam de tutela na hora de comprar comida para seus filhos. Nada de bonequinhos, nada de brindes, apenas embalagens feias como caixotes soviéticos. Daqui a pouco, vão proibir mulheres bonitas nas propagandas e as gotas de cerveja que escorrem por suas saias curtas. Riscarão do mapa carros que desfilam homens charmosos. Uma verdadeira pedagogia do horror como higiene do bem.
O problema com este higienismo é que ele pensa combater em nome da liberdade, mas, na realidade, restringe ainda mais a liberdade, esmagando-a em nome desta senhora horrorosa que se chama "cidadania". Esta senhora, que tende ao desequilíbrio quando se faz cheia de vontades, nasceu sob o sangue da revolução francesa, e dela guarda seu gosto pela humilhação. Deve, portanto, permanecer sob "medicação", porque detesta o homem comum e sua miséria cotidiana que carrega nossa identidade mais íntima. Sob a égide da defesa do bem comum, ela, quando investida da condição de rainha louca da casa, amplia o sentido dessa "coisa pública" elevando-a a categoria de uma geometria moral da intolerância.
Deixe-nos em paz com nossos filhos mal educados, com maus hábitos alimentícios, viciados em televisão e computador, aos berros para ganhar o McLanche Feliz. A negação da liberdade vem acompanhada da afirmação do que é a liberdade certa. Liberdade sempre pressupõe o desgosto e uma certa desordem indesejável. Daqui a pouco, vão dizer que não podemos comprar chocolates com personagens infantis (como se o gosto do chocolate para uma criança fosse "apenas o gosto do chocolate").
Em seguida, obrigarão nossas crianças a ler livros com meninas beijando meninas e histórias onde Jesus era africano. Criarão aulas onde meninos aprendam a colocar camisinha em bananas com a boca, afinal a igualdade entre os sexos deve passar pelo esmagamento da privacidade suja dos preconceitos, como se a vida fosse possível sem sombras, sob o calor sufocante da luz.

Folha de São Paulo – 07-09-2009 

A IMAGEM DO CACHORRO MORDERÁ NO FUTURO? Vilém Flusser

IRIS, março de 1983

Nos dias 2 a 5 de dezembro reuniram-se, nessa cidade dos albigenses e de Toulouse-Lautrec, engenheiros, artistas, economistas, sociólogos e pensadores, para discutirem o "futuro da cultura". Por mais divergentes que tenham sido os pontos de vista, havia consenso quanto a um dos aspectos mais fundamentais do problema: a cultura do futuro será cultura da imagem.
Quanto mais progrediam as discussões, tanto mais a reflexão se ia concentrando sobre a função da imagem na sociedade pós-industrial do futuro. Isto foi captado pela seguinte pergunta: "A imagem do cachorro morderá no futuro?". Para ilustrar tal pergunta, foram exibidos hologramas, jogos eletrônicos, fotografias eletrônicas sintetizáveis pelos receptores, e imagens de objetos "impossíveis" projetadas por computadores.
Pretendo, neste artigo, considerar apenas um dos parâmetros de tal revolução das imagens pela qual estamos passando: o da transferência do interesse existencial do mundo concreto para a imagem. E restringirei ainda mais as considerações, ao concentrá-las sobre fotografias.
Enquanto as fotografias ainda não forem eletromagnetizadas, serão elas superfícies imóveis e mudas, cujo suporte material é papel ou substância comparável. Nessa sua provisória materialidade as fotografias se assemelham às imagens tradicionais, cujo suporte é parede de caverna, de túmulo etrusco, vidro de janela, ou tela.
Mas a fotografia se distingue das imagens tradicionais por duas características: (1) foi produzida por aparelho, e (2) é multiplicável. É esta segunda diferença que interessa para as considerações aqui propostas. Porque tem consequências profundas para a futura maneira de ser do homem e da sociedade.
As fotografias são superfícies que podem ser transferidas de um suporte para outro, Como que descoladas, (decalcomanias). A superfície não assenta firmemente sobre o suporte, como o é o caso das pinturas, (de parede de caverna ou de óleo sobre tela). É como se a superfície fotográfica desprezasse o seu suporte, e estivesse livre de mudar de suporte: pode passar para jornal, para revista, para cartaz, para lata de conserva. Pois é o desprezo do suporte material que é a característica do mundo futuro das imagens.
A superfície da fotografia é imagem. Isto é: sistema de símbolos bi-dimensionais que significam cenas. Isto é o "valor" de toda imagem: que serve de mapa para a orientação no mundo das cenas. De modelo estético, ético e epistemológico de tal mundo. Que "informa". Pois nas imagens tradicionais a informação está impregnada firmemente no objeto que a suporta. Por isto as imagens tradicionais têm valor enquanto objetos. Na fotografia a informação despreza o seu suporte, e por isto a fotografia tem valor desprezível enquanto objeto. O valor está, nela, concentrado sobre a informação mesma.
O aspecto "objetivo" da fotografia não interessa: o que interessa é seu aspecto "informativo". Querer possuir fotografia de uma cena de guerra não tem sentido: sentido tem querer ver a fotografia para ter informação quanto ao evento. O conceito de "propriedade" se esvazia no terreno da fotografia, e com isto se esvaziam os conceitos de "distribuição justa" e de "produção" de propriedade. Sociedade "informática" será sociedade, na qual tais conceitos terão sido superados.
No entanto, tal decadência do objeto e emergência da informação enquanto "sede do valor" não capta, por si só, a revolução pela qual estamos passando. Retomemos a fotografia da cena de guerra como exemplo. Como toda imagem, a fotografia "significa" a cena, isto é: substitui-se simbolicamente por ela. De modo que quem souber decifrar a fotografia poderá ver "através" dela o seu significado. Parece, pois, que há relação unívoca entre o universo das fotografias e o universo das cenas do "mundo lá fora": o universo das fotografias é "significante", o mundo das cenas "significado".
No entanto, a relação passou a ser equívoca: a fotografia da cena de guerra pode passar a ser o "significado" do evento fotografado. O evento pode ter acontecido, a fim de ser fotografado. E, mesmo se isto não for o caso, mesmo se o evento tiver acontecido independentemente do ato fotográfico, a fotografia pode passar a funcionar enquanto "significado": para quem vê jornal da manhã, a fotografia da cena da guerra passa a ser o "significado" da guerra, e o evento lá fora passa a ser mero pretexto para a fotografia. Em outros termos: para o receptor da imagem o vetor de significação se inverteu, e o universo das imagens passa a ser a "realidade".
Sociedade "informática" será sociedade para a qual os valores e a realidade, o "dever ser" e o "ser", residirão no universo das imagens. Sociedade que vivenciará, sentirá, se emocionará, pensará, sofrerá e agirá em função dos filmes, da TV, dos vídeos, dos jogos eletrônicos, e da fotografia. Em tal sociedade, o poder se transferirá dos "proprietários" de objetos, (matérias-primas, energias, maquinas), para os detentores e produtores de informação, para os "programadores". "Imperialismo informático e pós-industrial" será isto. E o Japão, essa sociedade carente de energia e matérias-primas, é desde já exemplo disto.
A decadência do mundo "objetivo" enquanto sede do valor e do real, e a emergência do mundo simbólico enquanto centro do interesse existencial, é observável, desde já, no terreno da fotografia. É terreno no qual o poder está sendo detido pelos programadores de aparelhos. E trata-se de poder hierarquizado e desumanizado.
O fotógrafo exerce poder sobre o receptor da sua mensagem, porque lhe impõe determinado modelo de vivência, de valor e de conhecimento. A câmara exerce poder sobre o fotógrafo, ao estruturar seu gesto de fotografar, e ao limitar sua ação às possibilidades programadas no aparelho. A indústria fotográfica exerce poder sobre a câmara, ao programá-la. O aparelho industrial, administrativo, político, econômico e ideológico exerce poder sobre a indústria fotográfica, ao programá-la. E todos estes aparelhos gigantescos são, por sua vez, programados para programarem. Se analisarmos, cautelosamente, não importa que fotografia individual, poderemos, desde já, verificar como funcionará a cultura das imagens.
E isto nos permite a responder afirmativamente à pergunta de Albi: "a imagem do cachorro morderá no futuro?". Morderá, no sentido de: modelará a ação, e a experiência mais íntima, do homem futuro.

domingo, 23 de agosto de 2015

Atividades Terceiro Ano Terceiro Bimestre



As atividades devem ser respondidas em folha de papel almaço, à caneta azul ou preta.
As atividades da apostila devem ser respondidas na folha de almaço junto com as demais.
Apresentar as respostas em ordem de atividade.
Atrasos terão desconto de nota.

Atividade 1
Caderno do aluno vol. 1, pág. 61 e 62, Leitura e Análise de Texto. Responder a pergunta da pág. 62; pág. 79, completar a tabela.
Atividade 2
Caderno do aluno vol. 1, págs. 87 a 93, Leitura e Análise de Texto. Responder as questões das páginas 92 e 93.
Atividade 3
Livro Filosofando, página 65. Leitura do texto e repostas das questões 1,2 e 3.
Atividade 4
Livro Filosofando, página 99. Leitura do texto e respostas das questões 1, 2, 3 e 4.
Atividade 5
Livro Filosofando, Leitura do capítulo 8 e atividades da página 100: responder às questões 1 a 5.
Atividade 6  
Livro Filosofando, Leitura do capítulo 8 e atividades da página 100: responder às questões 7 e 8.
Atividade 7
Livro Filosofando, Leitura do capítulo 8 e atividades da página 100: responder às questões 9 e 10.
Atividade 8
Livro Filosofando, página 262. Leitura do texto e resposta das questões 1, 2 e 3.
Atividade 9
A partir da atividade interdisciplinar de filosofia e sociologia, relate o programa de TV assistido e explique com exemplos a ideologia transmitida pela atração.
Atividade 10
Assista no Youtube o filme “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado, e relacione os fatos narrados e os personagens aos conceitos de sociedade de classes, luta de classes, modos de produção, alienação do trabalho, reificação, fetichismo da mercadoria, mais-valia e ideologia.

Atividades do Segundo Ano, Terceiro Bimestre



As atividades devem ser respondidas em folha de papel almaço, à caneta azul ou preta.
As atividades da apostila devem ser respondidas na folha de almaço junto com as demais.
Apresentar as respostas em ordem de atividade.
Atrasos terão desconto de nota.
Atividade 1
Responder as questões do texto Os Candidatos são todos iguais
Atividade 2
Responder as questões do texto A Liberdade segundo Sartre
Atividade 3
Caderno do Aluno volume 2 páginas 5 e 6.
Atividade 4
Caderno do Aluno volume 2 páginas 19, 20, 21 e 22.
Atividade 5
Caderno do Aluno volume 2 páginas 25 e 26.
Atividade 6  
Livro Filosofando, Leitura do texto da página 226: responder às questões propostas.
Atividade 7
Livro Filosofando, Leitura do texto da página 260: responder às questões propostas.
Atividade 8
Livro Filosofando, leitura do capítulo 20 e responder às atividades 5, 6 e 8.
Atividade 9
Responda as atividades do texto maquiavel em duas licoes
Atividade 10
Leia o texto "As particularidades do Racismo no Brasil", do Caderno do Aluno, volume 2, página 15 e responda:  questoes sobre o texto