sábado, 3 de abril de 2010

Platão e a "Alegoria da Caverna"

O filósofo Platão (século V a. C.) em sua obra “A República” dedica-se a pensar numa cidade ideal. O diálogo entre Sócrates e seus discípulos inicia-se a partir da pergunta “O que é a Justiça?” e chega a outra questão que permite responder à primeira: o que seria uma cidade justa? Sócrates discute então como seria a cidade justa em todos os seus detalhes. Pelo tema da cidade chega-se a todos os temas da filosofia: metafísica, teologia, ética, psicologia, pedagogia, política e teoria da arte.

A alegoria ou mito da caverna encontra-se no livro VII, que trata da diferença entre senso comum e realidade e sobre como atingir, através de uma busca, o Bem e a Verdade. Temos um prisioneiro da caverna que sai de sua condição de escravo (ou ignorante) até tornar-se um sábio. Ele representa o filósofo e tem o dever educativo e político de retornar à caverna que havia deixado para mostrar a seus antigos companheiros o caminho da verdade.

Platão considera que existem dois mundos: o sensível e o inteligível. No mundo sensível existe a mudança, a aparência, o devir, os contrários. Já no mundo inteligível temos a identidade, a permanência, a verdade e o conhecimento obtido pelo intelecto puro sem a interferência dos sentidos e das opiniões. O mundo sensível é o das coisas e do não-Ser, ou seja, das sombras, das cópias deformadas ou imperfeitas do mundo das ideias. O Ser, as essências ou ideias verdadeiras estão no mundo inteligível. O sensível é o outro do Ser, diferente e inferior, enganador e ilusório, causa de erros. É um falso Ser ou pseudo-Ser.

Assim, o Ser pode é entendido em dois sentidos: forte e fraco. O forte é a realidade ou existência, como em “o homem é (existe)”. O fraco é o verbo de ligação, apenas associa o sujeito ao seu predicado: “o homem é mortal”. No sentido forte temos as ideias ou formas imateriais, o verdadeiro e o inteligível, o real: o bem, o belo, o justo, o amor. No fraco, temos o Ser real: aquele homem, aquela bela mulher, aquele amor em especial.

A ideia é uma essência, o conjunto de qualidades que fazem com que ela seja o que é. A essência é idêntica a si mesma, eterna e imutável.

A alegoria da caverna nos mostra o que faz o filósofo: ele atinge o mundo das ideias, pelo método da dúvida, usando a sua racionalidade. Sua função é levar suas descobertas aos homens comuns, mas estes não o entendem e o repudiam. A filosofia nos conduz, pelo diálogo, das opiniões sensíveis (sensações, percepções, imagens e opiniões) à contemplação intelectual do ser das coisas, à ideia verdadeira, que existe em si mesma no mundo inteligível.

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