domingo, 24 de outubro de 2010

Freud no Mundo de Sofia 2

- E então?

-Da mesma forma, um psicólogo pode "escavar" na consciência do seu paciente com a ajuda deste, para trazer à luz as experiências que estão na origem dos sofrimentos psíquicos. Segundo Freud, conservamos dentro de nós todas as recordações do passado.

- Agora compreendo.

- E por vezes encontra uma experiência dolorosa que o paciente tentou sempre esquecer, mas que permaneceu no fundo e destrói a sua resistência.

Quando essa "experiência traumática" é trazida à consciência - e apresentada ao paciente - ele pode "libertar-se" dela e curar-se.

- Parece lógico.

- Mas fui demasiado rápido. Vamos primeiro ver como Freud descreve a mente humana. Já alguma vez viste um recém-nascido?

- Eu tenho um primo de quatro anos.

- Quando vimos ao mundo, vivemos de modo direto e sem constrangimento as nossas necessidades físicas e psíquicas. Se não nos dão leite, choramos e gritamos. Fazemo-lo também quando as fraldas estão molhadas. E exprimimos diretamente o nosso desejo de contato físico e de calor humano. Freud chama a este "princípio de prazer" “id”.

Quando somos bebês somos quase apenas “id”.

- Continua!

- O “id” está presente em nós durante toda a vida, mas pouco a pouco aprendemos a controlar os nossos desejos e a adequar-nos às circunstâncias. Aprendemos a adaptar as pulsões instintivas ao "princípio de realidade". Freud diz que construímos um eu (ou ego) que tem esta função reguladora. Mesmo se desejamos algo, não podemos simplesmente pôr-nos a gritar até que os nossos desejos ou necessidades sejam satisfeitos.

- Claro que não.

-Pode acontecer desejarmos algo intensamente e simultaneamente o mundo não o aceitar. Nesse caso, temos de “reprimir” os nossos desejos, ou seja, tentamos afastá-los ou esquecê-los.

- Compreendo.

- Freud tem ainda em conta uma terceira instância na mente humana: desde a infância confrontamo-nos constantemente com as obrigações morais impostas pelos pais e pelo mundo exterior. Quando fazemos alguma coisa errada, os pais dizem: "Isso não!", ou "Que vergonha!". Mesmo na idade adulta trazemos conosco um eco dessas obrigações morais e dessas condenações. As convenções morais do mundo externo parecem ter penetrado em nós e terem-se tornado parte de nós. A isso chama Freud “super-ego”.

- Queria dizer consciência?

- Num passo, Freud diz efetivamente que o Superego se coloca perante o Eu como consciência moral. Mas aquilo que importa a Freud é que em primeiro lugar o superego nos dá sinal de si quando temos desejos "indecorosos" ou "inconvenientes", principalmente se se trata de desejos eróticos ou sexuais. E, como dissemos, Freud afirmou que esse tipo de desejos já estão presentes num estádio precoce da infância.

- Explica-te!

- Hoje sabemos e vemos que as crianças pequenas gostam de tocar nos órgãos genitais.

Podemos observar isso em qualquer praia. No tempo de Freud, crianças de dois ou três anos levavam uma palmada nos dedos por isso. Nesse tempo, as crianças ouviam constantemente: "Que vergonha!", ou "Está quieto!", ou "As mãos quietas".

- Isso está mal.

- Deste modo, cria-se um sentimento de culpa, e uma vez que este sentimento de culpa se conserva no Superego, muitas pessoas, - segundo Freud a maior parte - têm um sentimento de culpa em relação ao sexo. Mas os desejos e as necessidades sexuais são uma componente

Nenhum comentário:

Postar um comentário